sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Conselhos de um cearense para um 2011 bem pai d’égua.

Recebi este texto do amigo cearense Weiber Castro

Sobre as suas metas para o Ano Novo
Anote os seus “querê” e pendure num lugar que você enxergue todo dia, assim “ocê” num esquece do que quer.

Mesmo que seus objetivos estejam lá prá baixa da égua, vale à pena correr atrás deles. Não se agonie e   nem esmoreça. Peleje.
Se vire num cão chupando manga e “mêta” o pé na carreira, pois pra gente conseguir o que quer, tem é Zé.
Lembre que pra ficar estribado é preciso trabalhar. Não fique só “frescando”.

Sobre o amor

Não fique enrolando e “arrudiando” prá chegar junto de quem você gosta. Tome rumo, avie, se avexe
Você é uma “corralinda”. Se você ainda não tem ninguém, não pegue qualquer marmota. Escolha uma “corralinda” igual a você.
Não bula no que tá quieto. Num seja avexado, pois de tanto coisar com uma, “coisar” com outra, você acaba mesmo é com um  chapéu de touro.
As cabritas num devem se agoniar. O certo é pastorar até encontrar alguém pai d'égua. Num devem se atracar com um cabra peba, “malamanhado” e “fulerage”. O segredo é pelejar e não desistir nunca. Num peça pinico e deixe quem quiser mangar. Um dia vai aparecer um “machoréi” da sua bitola.

Sobre o trabalho
Trabalhe, num se “mêta” a besta. Quem num dá um prego numa barra de sabão num tem vez não.  
Se você vive fumando numa quenga, puto nas calças e não agüenta mais aquele seu  chefe “réi fulerage”, tenha calma, não adianta se “ispritar”. Se ele não lhe notou até agora é porque num tá nem aí se você rala o bucho no trabalho. Procure algo melhor e cape o gato assim que puder.
Se a lida não está como você quer, num bote boneco, num se aperreie e nem fique de lundu. Saia com aquele magote de amigos pra tomar uns “merol”. Tome umas “meiotas” e conte uma ruma de piadas que tudo melhora.

Mesmo com “duficulidade”, num bata fofo com a “UNISOCIAL”, afinal, o negócio só cresce com o olho do dono! 

Sobre a sua vidinha

Você já é um cagado só por estar vivo. Pense nisso e agradeça a Deus.
Cuide bem dos “bruguelos” e da mulher. Dê sempre mais que o sustento, pois eles lhe dão o aconchego no fim da lida.
Não fique resmungando e batendo no quengo por besteira. Seje macho e pense positivo.
Num se avexe, num se aperreie e nem se agonie. Num é nas carreira que se esfola um preá.

Arrumação motivacional

No forró da entrada do ano, coma aquela gororoba até encher o bucho. É prá dar sorte, mas cuidado, senão dá gastura.
Tome um “burrim” e tire o gosto com passarinha ou panelada que é prá num perder a mania.
Prá começar o ano “dicunforça”:
Reflita sobre as besteiras do ano passado e rebole no mato os maus pensamentos.
Murche as “orêia”, respire fundo e grite bem alto:
Sai “mundiça” !!!
Ah, e não esqueça do grito de guerra, que é prá dar mais sorte ainda:
Sou Cearense e desisto é “porraa”!!!

Agora é só levantar a cabeça e desimbestar no rumo da venta que vai dar tudo certo em 2011, afinal de contas você é cearense.

Peeeeennnnse num ano que vai ser muito bom!

Weiber Castro

domingo, 12 de dezembro de 2010

Calem a boca, nordestinos!

Por José Barbosa Junior

cactos A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra... outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.

cala-a-boca Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.

E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!

Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?

NORDESTE Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos... pasmem... PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura...

Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner...

E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia...

Ah! Nordestinos...

Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?

Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.

Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!

Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!

Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário... coisa da melhor qualidade!

orgulho de ser nordestino Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso... mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: - Calem a boca, nordestinos!

Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.

Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.

Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

José Barbosa Junior, na madrugada de 03 de novembro de 2010.

Co-assinado pelo blogueiro Gualber Calado Cearense e Nordestino.

domingo, 21 de novembro de 2010

E se os filmes fossem traduzidos pro "cearês" ?

Velocidade máxima

Avuado !

Os bons companheiros

Os Cumpadi !

O paizão

O Corno Réi !

Eu, a patroa e as crianças

Eu, a Muié e os Bruguelin !

A morte pede carona

Arriégua Maxo, Tú Vai Papocá Ó !

Ghost

Visage !

O poderoso chefão

Tasso.

O exorcista

Arreda Coisa Ruim!

Corra que a polícia vem aí

Sebo nas Canela q lá Rem o Ronda!

Janela indiscreta

O Tarado tá te Rendo .

Velozes e furiosos

Os Cabra Maxo e Avexado.

Esqueceram de mim!

Deixaram o Cumedozin de Rapadura.

Forrest gump

Diabéisso????

Clube da luta

Butiquin da Peia.

Cidade de Deus

Canindé.

O que é isso companheiro!

Diabéisso Maxo? Tá Vacilano?

A casa caiu.

Dirrubaro o Barraco.

O fim dos dias

Se Lascô-se.

Mamma mia

Ô Mainha !!!

Turista

Os Gringo na Praia.

2012

Doismilidozi.

Guerra dos mundos

A Xibata Vai Rolá é Solta !

Assim caminha a humanidade

Prá Donde Rai Essa Ruma de Gente ?

O justiceiro

Lampião.

João e Maria

O Tripa Seca e a Perna Torta.

Homem aranha

Se Caí tá Lascado !!!

Agora "enria tudo pra negrada"!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tempestade

Por Sérgio Cunha
 
Ainda a pouco chorei...
Não sei se de tristeza, não sei se de alegria, mas debrucei minha cabeça no sofá e deixei as lágrimas rolarem em minha face.É uma tarde melancólica destas em que a sensibilidade aflora e os pensamentos dissipam, ressuscitando passagens que marcaram a minha existência.
 
Bem longe no tempo lembrei um casarão típico da época, imensos quartos sem mobília uns e outros escuros, um “corredor” pouco projetado acompanhava os cômodos de um lado e outro, ia dar na sala de jantar onde me encontrava. Vizinho a sala tinha uma área aberta onde percebi que o céu estava estranho, havia escurecido e as nuvens adquiriram uma cor avermelhada .
 
Mas, o pensamento também volta, por quanto me inquietava com o desconforto do sofá, procurava afastar as lágrimas e a escuridão que também me envolveu nos dias de hoje, quando tive um Acidente Vascular Cerebral .Fora afastado da vida, preso a uma cama, quase sem movimentos e com o recurso oral interrompido.
 
Estava sombrio como aquele momento, no casarão distante. Lá, viera uma ventania forte com um ruído apavorante e uma poeira muito densa, não enxergava mais nada. Agachei-me e fiquei inerte, não tinha reação àquela tempestade de areia, sem precedentes.
 
Era um indefeso assim como fiquei em meu martírio. O meu choro denuncia tempos difíceis, em que a penumbra me rodeava, me mantinha em um cárcere privativo dos desafortunados, mas, está próximo o amanhecer e a penumbra não vai resistir.
 
Para cada momento de lágrimas um sorriso revela em meu semblante, uma esperança. O céu finalmente está ficando azul e a tempestade de me libertará trazendo uma nova vida para mim e para aquele, imenso casarão que se perdeu no tempo.
 
sergio 
Sérgio Cunha - É cronista esportivo,
plantonista da Rádio Metropolitana de Caucaia / CE
AM 930

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A saga dos Sertões.

Tempos de incertezas, aqueles de 1976, em que a chuva era mãe da vida, mas, ela teimava em ser ausente na desafortunada terra de meus pais.

Em uma típica manhã do sertão, onde o marmeleiro seco e inerte parecia lamentar sua predestinação, a vida seguia no vale tórrido e rachado do meu afligido Jucás. As poucas sementes que teimavam em germinar pareciam se esforçar para empurrar a terra árida, na tentativa de expor as primeiras e frágeis folhas. Passava minhas férias entre a esperança e os lamentos de meus tios que tinham uma a vida de sacrifício, distante, bem próximo ao infortúnio.

Os dias se passavam a chuva não viera e eram remotas as chances de salvação para as lavouras. A cada despertar dos pássaros a angústia invadia o sertão e meu tio, percorria o vale com seu olhar sem esperança á procura da chuva que tarda. A escassez das águas estava decretando lentamente o fim da lavoura, a espera parecia eterna, sem a promessa do tempo que expusera o céu a cor de anil com nuvens brancas.

No curral eu visitava o touro “trovão” e a vaca “mocha” que eram salvos por folhagens do “Moquém” uma árvore resistente a seca.Tio Elizeu, tirava o chapéu, parecendo se entregar, enquanto balbuciava com minha tia Cleonice. -“O arrois morreu, o mio e fejão está perto”. A noite já tinha chegado, seu corpo procurava o descanso como recompensa do dia exaustivo.

Começava mais um dia de apreensão, o sol invadia intensamente e castigava as carnaubeiras que, imaculadas, resistiam ao terror árido. Na estrada, á frente da casa, não era difícil ver retirantes com destino à São Paulo, buscando arrimo para os seus. O cenário era de extrema dificuldade, a chuva conduzia o destino de todos, proporcionando a vida ou levando a morte.

No meio da tarde, o céu começou mudar, vinha do norte uma nuvem estranha àquele cenário, permaneceu e formou um quadro propício a chuva. Um derrame pequeno, mas, significativo tentava banhar o sertão. Com a terra molhada as plantações ganharam mais um tempo e a morte deu uma trégua. Na manhã de domingo um “Capão” agonizava no terreiro, era minha tia que preparava o almoço, as tensões tinham cessado um instante. Meu tio já planejava uma re-planta para o dia seguinte, esperava ele, mais colaboração da natureza.

A pouca chuva que caíra dava para molhar a bico dos pássaros, mas, não enchera o Jaguaribe e nem, ao menos, os riachos da região. A trégua esta chegando ao fim, o sol voltou e o sertão continuou desprotegido. A tristeza chegava ao vale com o martírio do plantio, que se foi.

O lamento de meu tio era o de todo o nordeste, que estava vencido pela natureza, sem amparo, nem a cumplicidade dos poderosos. Ele se tornara um retirante.

Sérgio Cunha
Cronista

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Aniversário de Fortaleza!

Minha Fortaleza!
(Pedro Sampaio)

Fortaleza se eu pudesse...
Nesta data te presentear...
Te daria meu coração...
E o desejo de te amar...

Fortaleza de Iracema...
O teu sol é um poema...
Reluzindo o verde mar...
É também de Alencar

Aloura desposada do sol...
Tão linda no arrebol...
Ah fortaleza que fascinas...
Ednardo e as longarinas...
Com seu terral à encantar...

É intenso por você...
Todo nosso grande amor...
O tempo não deixa esquecer...
Nem mesmo o bode iôiô...

O Mucuripe, enseada e sua vela...
Forma a linda aquarela...
Das jangadas rumo ao mar...

O teu centro Fortaleza...
expressa tanta beleza...
E desperta nossa paixão...
Nossa praça do Ferreira...
Aconchegante, linda e fagueira...
É do teu corpo o coração...

Tuas praias, eu amo e juro...
Sempre, sempre irei amar...
Desde a praia do futuro...
À Barra do ceará...

Fortaleza nesse dia...
Com amor e alegria...
Hoje eu quero te dizer...
Tú és parte da minha vida...
Nesta data tão querida...
Parabéns para você...

Autor: Pedro Sampaio.
Um poeta apaixonado por Fortaleza

domingo, 7 de fevereiro de 2010

DOENÇAS QUE SÓ CEARENSE TEM.

CDC- CÓDIGO DE DOENÇAS DE CEARENSE:
(LEMBREM-SE A NUMERAÇÃO COMEÇA COM O NÚMERO 01  E AUMENTA SEQUENCIALMENTE! É FÁCIL!)

1. ISPINHELA CAÍDA

2. DOR NOS QUARTOS

3. PÉ DISMINTIDO

4. MOLEIRA MOLE

5. QUEBRANTO

6. TOSSE DE CACHORRO

7. DOR NO ESTOMBO

8. FARNIZIM

9. PASSAMENTO

10. CACHINGAR

11. FRIEIRA

12. OBREIRO DE PÉ

13. PEREBA

14. CURUBA

15. REMELA NO ZÓI

16. DORDÓI (conjuntivite)

17. GASTURA

18. MARIA PRETA

19. TERSOL

20. DOR NO PÉ DA BARRIGA

21. DOR DE VIADO

22. BODE

23. MORRÓIDIA

24. IMPINGEPILÔRA

25. PANO BRANCO

26. XANHA

27. CATARRO NOS PEITO

28. ESTALICIDO

29. BICHEIRA

30. FININHA

31. ALÔJO

32. ÍNGUA

33. COCEIRA NAS VIRIA

34. BICHO DE PÉ

35. EMPACHADO

36. FASTIO

37. DOR NO ESPINHAÇO

38. BUCHO QUEBRADO

39. DENTIQUÊRO

40. CALO SECO

41. UNHA FOFA

42. PÉ INCHADO

43. PAPOQUINHA

44. CORPO REIMOSO

45. MUCUIM

46. ZOVIDO ESTOURADO

47. ÁGUA NA PLEURA

48. BERRUGA

49. OLHO DE PEIXE (verruga na planta do pé)

50. SETE COUROS

51. CORPO MUÍDO

52. BARRIGA FAROSA

53. DIFRUÇO (resfriado)

54. GÔTO INFLAMADO

55. DENTE PÔDI

56. MÔCO

57. PÁ QUEBRADA

58. CADUQUICE

59. VISTA CANSADA

60. OS QUARTO ARRIADO

61. ESPINHA CARNAL

62. PAPÊRA

63. DOENÇA DOS NERVOS

64. OMBRO DISMINTIDO

65. QUEIMA NO ESTOMBO

66. JUÍZO INCRIZIADO

67. FERVIÃO NO CORPO

68. CAMPANHIA CAÍDA

69. ESMORECIMENTO NO CORPO

70. BROTOEJA

71. DESENCHAVIDO

72. PITO FROUXO

73. ISCURICIMENTO DE VISTA

74. RACHADURA NOS PÉ

75. PAPOCA ROXA

76. OS PEITOS ABERTO

77. LÊNDEA

78. PIOLHO

79. PIRA

80. TISGA

81. INFRAQUICIDA

82. VENTO CAÍDO

83. FRACO DOS NERVOS

84. ESPORÃO DE GALO

85. BICO DE PAPAGAIO

86. LANDRA INCHADA (gânglios inchados)

87. DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA

88. PAPOCA D’ÁGUA

89. DOR NAS TÁBUAS DOS QUEIXOS

90. DOR NAS CRUZ

91. DOR NOS BRUGUMI

92. MAU JEITO NO ESPINHAÇO

93. INTALO

94. INTANGUIDA

95. DIFULUÇO

96. DOR NAS CADEIRAS

97. SAPIRANGA NOS ÓI

98. RUÇARA

99. DOR NA JUNTA

100. MONDRONGO

101. INQUIZILA

102. PÉ DURMENTE (remédio é fazer uma cruz com cuspe em
cima do pé. É pei bufe)

103. ESQUENTAMENTO

104. VERMÊIA

105. CESÃO

106. CARNE TRIADA

107. NERVO TORTO

108. DOR NO MUCUMBÚ

109. SOLITÁRIA

110. TOSSE DE CACHORRO DOIDO

111. CARAOLHO

112. ESQUECIMENTO

113. ASTROSE E ASTRITE

114. SAPINHO

115. ENTOJO

116. PAPEIRA

117. TIRISSA

118. LUNDU

119. COQUELUCHE

120. COBREIRO

121. ISCOLIOSE

122. NÓ NAS TRIPAS

123. ALGUEIRO

124. ESTOPOR

125. GÔGO

126. UNHEIRO

127. BOQUEIRA

128. CALOMBO

129. DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO

130. ZÔVO GÔRO

131. MURRINHA

132. ZÔVO VIRADO

133. CANSAÇO NO CORAÇÃO

134. JUÊI DISMANTELADO

135. ZÓIO NUVIADO

136. VAZAMENTO (CAGANEIRA)

137. ÁGUA NAS JUNTAS

138. RESGUARDO

139. ZUMBIDO NO ZOVIDO

140. INTUPIDO (passar dias sem obrar)

141. MUFUMBA

142. SOLUÇO

143. ÍGADO OFENDIDO

144. VÊIA QUEBRADA

145. HABOQUE DO JOELHO ARRANCADO

Todo cearense que é cearense já teve pelo menos 10 das doenças acima ditadas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CEARENSES NA CASA BRANCA...

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de tanto ouvir falar dos CEARENSES, decidiu convidar um grupo deles para visitar os Estados Unidos.

Para mostrar o quanto desejava conhecer os CEARENSES, ele mandou o seu próprio avião apanhá-los em Fortaleza e, ainda, preparar uma grande recepção no hangar presidencial, onde foi instalado um palanque, com banda e cartazes de boas-vindas.

Quando o avião chegou, a banda começou a tocar, os coros a cantar, abriu-se a porta do avião, mas os convidados... não desceram.

O presidente, sem entender o motivo da demora, mandou seu secretário averiguar.

O secretário foi ao avião e regressou dizendo ao presidente: "Senhor, os CEARENSES não querem descer porque estão com medo do Wel".

O presidente, mais confuso ainda, perguntou ao Secretário: "Mas, quem é Wel"?

Para saber quem era, o Secretário regressou ao avião e disse aos CEARENSES: "O Presidente quer saber quem é Wel"?

E o porta-voz do grupo responde:welcome cópia

- Macho “véi” nós também não sabemos. Mas, naquele cartaz tá escrito: WELCOME CEARENSES... e cearense é caba macho e se esse tal de Wel tiver por aí vai levar uma peixerada no bucho de soro azedo. Assim, vai respeitar os cabeça chata da terra da luz.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Linguajar Cearense

(Josenir A. de Lacerda)

Todo poeta de fato
É grande observador
Seja da rua ou do mato
Seja leigo ou professor
Faz verdadeira pesquisa
Vasto estudo realiza
Buscando essência e teor

Por esse nato talento
Na hora de versejar
Busca o tema e o momento
Visa o leitor agradar
Não sente conformação
Se não passa a emoção
Que dentro do peito está

Neste cordel-dicionário
Eu pretendo registrar
O rico vocabulário
Da criação popular
No Ceará garimpei
Juntei tudo, compilei
Ao leitor quero ofertar

Se alguém é desligado
É chamado de bocó
Broco, lerdo e abestado
Azuado ou brocoió
Arigó e Zé Mané
Sonso, atruado, bilé
Pomba lesa e zuruó

Artigo novo é zerado
Armadilha é arapuca
O doido é abirobado
Invencionice é infuca
O matuto é mucureba
Qualquer ferida é pereba
Mosquito grande é mutuca

Quem muito agarra, abufela
Briga pequena é arenga
Enganação, esparrela
Toda prostituta é quenga
Rapapé é confusão
De repente é supetão
Insistência é lenga-lenga

Qualquer tramóia é motim
Solteira idosa é titia
Mosquitinho é mucuim
Recipiente é vasia
Meia garrafa é meiota
O exibido é fiota
Travessura é istripulia

Bebeu muito é deodat
Brisa leve é cruviana
O sujeito otário é pato
Cigarro curto é bagana
Fugir é capar o gato
O engraçado é gaiato
Quem vai preso tá em cana

Ter mesmo nome é xarapa
Muito junto é encangado
Água com açúcar é garapa
Cor vermelha é encarnado
Muita coisa dá mêimundo
Sendo Mundim é Raimundo
Valentão é arrochado

A rede velha é fianga
Com raiva é apurrinhado
Careta feia é munganga
Baitinga é o mesmo viado
O bom é só o pitéu
Bajulador, xeleléu
Sem jeito é malamanhado

Bater fofo é não cumprir
tecetera é escambau
Sujar muito é encardir
Quem acusa, cai de pau
Confusão é funaré
Carta coringa é melé
Atacar é só de mau

Qualquer botão é biloto
Mulher difícil é banqueira
Pequenino é pirritoto
Estilingue é baladeira
Qualquer coisa é birimbelo
Descorado é amarelo
Sem requinte é labrocheira

Um perigo é boca quente
Porco novo é bacurim
Atrevido é saliente
Quem não presta é corja ruim
Dedo duro é cabuêta
A perna torta é zambêta
Coisinha pouca é tiquim

Parteira era cachimbeira
Dar mergulho é tibungar
Tem cucuruto, moleira
Olhar demais é cubar
Tem ainda ternontonte
Que vem antes do antonte
Ver de soslaio é brechar

Quem briga bota boneco
Sem valor é fulerage
Copo pequeno é caneco
Estrada boa é rodage
O tristonho é capiongo
Galo ou inchaço é mondrongo
E a ralé é catrevage

O velho ovo estrelado
É o bife do oião
Nervoso é atubibado
Repreender é carão
O zarôlho é caraôi
Enviezado, zanôi
Inquieto é frivião

A perna fina é cambito
Dar o fora é azular
Muito magrelo é sibito
Pisar manco é caxingar
Rede pequena é tipóia
Tudo bem é tudo jóia
Fazer troça é caçoar

A expressão 'dá relato'
Que atinge mais de légua
'Tá ca peste!' 'Só no Crato!
'Tá lascado!' e 'Aarre égua!'
'Corra dentro!' ' Qué cirmá? '
'É de rosca? 'Éé de lascar! '
'Vôte!' 'Ôxente! 'Isso é paid'égua!'

Se é muito longe, arrenego
Que Deus do céu nos acuda
É pra lá da caixa prego
Lá no calcanhar do juda
Nas bimboca ou cafundó
Nas brenha ou caixa bozó
Onde o vento a rota muda

Se é cheia de babilaque
É ispilicute ou dondoca
Ligeiro é 'que nem um traque'
Agachado é tá de coca
Sem rumo é desembestado
O faminto é esguerado
Bolha na pele é papoca

Chamuscado é sapecado
Nuca, cangote é cachaço
Meio tonto é calibrado
A coluna é espinhaço
Se está adoentado
Tá como diz o ditado:
'da pucumã pro bagaço'

Cearense tem mania
Chama todo mundo Zé
Zé da onça, Zé de tia
Zé ôin ou Zé Mané
Zé tatá ou Zé de Dida
Achando pouco apelida
Um bocado de Zezé

Fazer goga é gaiofar
O que é longo é cumprissaio
Provocar é impinjar
Toda pilôra é desmaio
Salto ligeiro é pinote
Bando, turma é um magote
Cesto sem alça é balaio

A comidinha caseira
Tem fama no Ceará
Tipicamente brasileira
Faz o caboco babar
No bar do Mané bofão
Pau do guarda, panelão
O cardápio vou citar:

Sarrabulho, panelada
Mucunzá e chambari
Tripa de porco, buchada
Baião de dois com piqui
Tem pão de milho e pirão
Carne de sol com feijão
Tijolo de buriti

Quem é ruivo é fogoió
O tristonho é distrenado
Tornozelo é mocotó
Cheio de grana, estribado
Jarra de barro é quartinha
O banheiro é a casinha
Sem saída, 'tá pebado'

A bebida e o seu rol
No Ceará todo habita
A fubuia e o merol
A truaca e a birita
Amansa sogra ou quentinha
Engasga gato, caninha
A meropéia e a mardita

O picolé no saquinho
Aqui se chama dindin
Se é o dedo menorzinho
É chamado de mindin
Riso sonoro é gaitada
Confusão é presepada
Atrevido é saidin

Papo longo e sem valor
É 'miolo de pote'
Muito esperto é vívido
Adolescente é frangote
Soldado raso é samango
A lagartixa é calango
O tabefe é cocorote

A lista é quase sem fim
Não cabe num só cordel
Tem alpercata, alfinim
Enrabichada e berel
Chué, baé, avexado
Bãe de cúia, ôi bribado
Quebra-queixo e carritel

Tem visage, sarará
Tem bruguelo e inxirido
Rabiçaca e aluá
Ispritado e zói cumprido
Bunda canastra, lundu
Dona encrenca, sabacu
Bonequeiro e maluvido

O cearense é assim:
Dá cotoco à nostalgia
A tristeza leva fim
Na cacunda dá euforia
dá de arrudei na carência
Enrola a sobrevivência
e embirra na alegria

Josenir ocupa Cadeira nº 3 da Academia dos Dordelistas do Crato.